quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gravidez cinematográfica

Muitos casais não podem ter seus nenês de forma natural, mas isso não muda nada em relação ao amor que sentem pelos filhos. Alguns garantem que o amor é ainda maior, pelo fato de existir uma busca, um desafio a vencer.
 
Pensando neles, selecionei um artigo interessante sobre o avanço da tecnologia nas inceminações artificiais. Mas aproveitando o assunto, gostaria de saber sua opnião: O amor entre pais e filhos frutos de uma inseminação artificial é diferente?




Tecnologia permite maior acompanhamento da fecundação e do desenvolvimento dos embriões, proporcionando melhorias na seleção dos que serão implantados e o sucesso dos tratamentos de fertilização in vitro

O primeiro ultrassom ninguém esquece. Tudo bem que o embrião é do tamanho de um grão de arroz, quase imperceptível para os futuros papais e mamães. Mas o coração faz um tum-tum-tum inesquecível. Imagine, então, a emoção de assistir a um verdadeiro filme da vida: o momento exato em que o embrião começa a se dividir depois do encontro do óvulo com o espermatozóide. Para os médicos, isso chama-se clivagem. Para os pais, está ali o seu filho. Essa gravidez cinematográfica já é possível com o embrioscópio, que chega ao Brasil para aumentar o sucesso das fertilizações in vitro (FIV).

Segundo Bruno Scheffer, especialista e diretor do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (IBRA), trata-se de um aparelho automático, colocado dentro da incubadora e programado para fazer imagens do embrião durante 24 horas. "É como se fosse uma filmadora que permite coletar dados mais exatos da fecundação e do desenvolvimento do embrião, além de quantificar os momentos exatos da clivagem (divisão e formação) de cada um. Esse acompanhamento de perto do exato momento da fertilização e do desenvolvimento embrionário proporciona a melhora na seleção dos embriões e o aumento das taxas de sucesso nos tratamentos".

Um estudo do Instituto Valenciano de Infertilidade (IVI), na Espanha, referência mundial para tratamento de reprodução humana, revelou que o sucesso da gravidez evolutiva (aquela com pouca chance de ser interrompida) aumenta para até 55%, contra 49% sem o uso da técnica. Segundo Scheffer, essa maior chance de engravidar é decorrente da melhora na seleção dos embriões que serão transferidos, possível pela avaliação da velocidade e das características da divisão embrionária, informações obtidas por meio das imagens. A análise auxilia o médico a escolher o embrião mais saudável e também identificar o melhor dia para transferir o embrião.

Apesar de disponível há cerca de 10 anos, o embrioscópio só começou a ser adotado na Espanha nos últimos três, após aperfeiçoamento do aparelho e de trabalhos científicos sobre sua aplicabilidade clínica. "Sua utilização com resultados positivos na medicina reprodutiva é recente. Mas não foi comprovado nenhum malefício do aparelho em relação aos gametas, embriões e bebês gerados pela técnica.". Para o especialista, a possibilidade de avaliar todo o processo de fecundação e desenvolvimento dará aos médicos melhores parâmetros de escolha do embrião a transferir.

Não é, contudo, um tratamento barato. A fertilização in vitro custa cerca de R$ 10 mil, mas o valor não foi alterado com a adoção do embrioscópio. A técnica é indicada para todos os casais que precisam da reprodução assistida para engravidar, como aqueles com a qualidade de gameta feminino e/ou masculina prejudicada, obstrução de tuba uterina, necessidade de doação de gametas, endometriose, síndrome do ovário policístico e mesmo problemas genéticos em que é necessário selecionar geneticamente os melhores embriões.

A administradora S.M., de 39 anos, primeira paciente do IBRA a recorrer ao embrioscópio, está grávida de um mês e meio. Depois de perder o primeiro filho, que nasceu prematuro, dois anos atrás, ela recebeu da ginecologista a indicação de recorrer à reprodução assistida a partir dos exames que revelaram uma baixa contagem de hormônios. "Ela avaliou a minha pressa e vontade de ter filhos e me apresentou essa solução para eu ter um acompanhamento mais de perto de todo o processo. Já na primeira consulta veio a notícia, para ela surpreendente, de poder assistir ao desenvolvimento do embrião. "Nunca tinha ouvido falar nisso, mas adorei a oportunidade".

Dois dias depois da coleta dos óvulos e dos espermatozoides, S. voltou à clínica para ver os embriões. "Foi maravilhoso. Vi os cinco óvulos fecundados, a multiplicação das células, o crescimento deles. Estavam ali os meus filhinhos, era o início de tudo". Pela idade, ela podia implantar até três óvulos e congelar os demais, que estavam também em boas condições, e, após ser consultada pelo especialista, fez a escolha. Cinco dias depois ocorreu a transferência. "É lindo e inexplicável. Vi o momento exato em que o líquido com os embriões foi colocado no meu útero. Naquele momento soube que o meu bebê já estava dentro de mim". Com a gravidez única confirmada na semana passada, agora ela pensa no futuro. "Daqui a um ano e meio volto lá e implanto os outros".
 
Por: Carolina Cotta - Estado de Minas

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