sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Grávida no volante

Há quem ache que a grávida tem que ficar em casa, sem fazer esforço e evitando grandes tumultos. Claro que em gestações de risco esses cuidados são fundamentais, mas a gravidez não é sinônimo de invalidez. As futuras mamães podem trabalhar, se exercitar e também dirigir. Mas antes de pegar o carro e sair por aí, observe alguns cuidados ao volante: cinto de segurança, espaçamento da poltrona, velocidade máxima permitida. A não observação dessas dicas pode ser perigosa. Partos prematuros, lesões, hemorragias e até mesmo a perda do bebê podem ser consequência de uma direção nada prudente. Fique atenta!

"O Código de Trânsito Brasileiro não proíbe a grávida de dirigir, entretanto ela precisa entender que há riscos. Sobretudo no primeiro trimestre de gravidez, quando os enjôos e as tonturas são muito frequentes. Mas com a vida corrida, a responsabilidade de pegar os filhos na escola, dirigir pode ser uma necessidade", constata Flávio Emir Adura, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).


Pequenas freadas podem causar ruptura do útero, hemorragia e até parto prematuro

Quem pode dirigir

Até 1997, o Código de Trânsito Brasileiro impedia as mulheres grávidas de dirigir a partir do quinto mês de gestação. É que além do bebê estar mais agitado na barriga, podendo desviar a atenção da mãe, os reflexos da mulher durante a gravidez se tornam mais lentos e os riscos de acidente aumentam. Isso ficou no passado.

O atual código não faz nenhuma restrição, mas especialistas alertam: "Teoricamente as grávidas que não apresentam nenhum problema durante a gestação podem dirigir até o nono mês de gestação. No entanto, após o sétimo mês, a prática começa a ficar complicada já que a barriga está muito grande, a posição do cinto atrapalha e as pernas incham", afirma o ginecologista Márcio Coslovsky. Por isso, é altamente recomendável que a partir deste período os cuidados sejam redobrados.

Já no nono mês é necessário reavaliar se a direção é absolutamente necessária. "O risco é altíssimo!", alerta Flávio Emir Adura. Mulheres com aumento do útero por gravidez de gêmeos, com o fundo uterino acima do esperado, pressão alta, pés inchados, tomando remédios para enjôo e com sangramentos ou rutura da bolsa d'água não devem dirigir. Os medicamentos contra enjôo causam sonolência e o inchaço nos pés dificulta a movimentação dos pedais.


Recomendações

Colisões, freadas bruscas, buracos, derrapagens. As ruas e estradas oferecem dezenas de perigos e com as grávidas, os riscos são ainda maiores. "Quando a barriga fica muito próxima ao volante, qualquer colisão ou freada mais brusca pode fazer com que a barriga encoste nele e haja descolamento de placenta", exemplifica Márcio. E Flávio acrescenta: "Pequenas freadas podem causar ruptura do útero, hemorragia e até parto prematuro". Por isso, alguns cuidados são de extrema importância. A começar por ele - o cinto de segurança.

Muitas mulheres acreditam que a compressão do cinto sobre a barriga pode causar prejuízos para o bebê. "Mas se ruim com ele, pior sem ele", alerta Flávio. É o cinto que prende a mãe ao banco e evita que ela se choque contra o volante e o painel em caso de batidas - o que poderia provocar o aborto do bebê. E se for corretamente usado, não traz nenhum desconforto ou implicação para a gravidez. "A gestante deve usar o cinto de segurança de três pontas. Ele não pode estar frouxo: a faixa diagonal deve passar entre os seios sobre o ombro, e a faixa subabdominal deve ser ajustada bem abaixo do útero", ensina o presidente da Abramet.


A grávida não deve dirigir por longos períodos para evitar estresse, hipoglicemia, dificuldade de retorno venosos e inchaço nas pernas 
 



A posição da poltrona é outro quesito que deve ser bem observado. "A posição ideal é sempre aquela que é a mais confortável para mulher. No entanto, a lombar tem que ficar o mais reto possível, formando um ângulo de 90º com as coxas e bem afastada do volante para haver espaço suficiente para esticar as pernas", aconselha Márcio.


As almofadas entre as costas e o encosto não estão proibidas, mas jamais devem ser usadas como assento. "Em caso de acidente, a almofada pode deslocar, deslizando o corpo da mulher e ocasionando lesões graves", afirma Flávio. Quanto à posição do volante, ele deve estar o mais elevado possível - se houver regulagem da coluna de direção - em, pelo menos, 15 centímetros afastado do abdômen.


Até mesmo o tempo de direção deve ser contabilizado! "A grávida não deve dirigir por longos períodos para evitar estresse, hipoglicemia, dificuldade de retorno venosos e inchaço nas pernas", explica Flávio. O ideal é que a mulher não exceda o tempo de duas horas ao volante e dê algumas paradas no caminho para alongar os músculos do corpo. Se você não for dirigir, prefira viajar no banco traseiro, de preferência em posição central para evitar choques frontais e laterais. E quando os imprevistos aparecerem, como um pneu furado, mantenha a calma e peça ajuda. "Qualquer esforço a mais pode acarretar a perda do bebê" confirma o ginecologista Márcio Coslovsky.


De acordo com o presidente de Abramet, Flávio Emir Adura, o segredo de uma direção segura está em adotar um comportamento defensivo. "A gestante deve evitar conduzir em condições meteorológicas desfavoráveis, como chuva e calor excessivo. Deve dirigir em velocidade baixa (cerca de 60 km/h) e evitar o estresse. Saia mais cedo para não se atrasar nos compromissos e controle o nervosismo em congestionamentos", finaliza Flávio.

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