quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Gravidez livre de incômodos - e de remédios!

Adotando as medidas certas no tempo adequado, é possível passar ilesa pelo período gestacional
 
Por Luiza Sahd
Foto Getty Images


Nem só de sapatinhos coloridos é feita a vida das futuras mamães. Durante nove meses, é preciso enfrentar, além da ansiedade, as alterações hormonais do próprio corpo. Dores de cabeça, dores nas costas, enjoos e constipação são alguns dos desconfortos mais comuns na gravidez. Conversamos com três especialistas sobre a tarefa árdua de passar por tudo isso evitando o uso de medicamentos.

A primeira coisa que uma grávida deve saber é que os órgãos do bebê se formam durante as primeiras 12 semanas de gestação. Nesse período – chamado de embriogênese –, o fígado do feto ainda é imaturo para assimilar remédios ingeridos pela mãe. Além disso, as células jovens estão em constante divisão. A ingestão de certas substâncias pode causar malformações, abortamentos, crescimento deficiente e problemas funcionais.

“A fragilidade cromossômica no primeiro trimestre de vida fetal é tamanha que o uso de remédios pode contribuir para o desenvolvimento de câncer na idade adulta”, explica a obstetra Marisa Teresinha Patriarca. Por outro lado, se algum medicamento for muito necessário, cabe ao médico fazer uma avaliação de riscos para a mãe e a criança. Eventualmente, alguns fármacos devem ser receitados para evitar que certas doenças evoluam para quadros mais graves.

A professora Rosiane Mattar, do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sugere algumas medidas que podem eliminar a necessidade de tomar remédios.

Náuseas: Elas ocorrem em função do aumento de hormônios da gravidez. Persistem até a 14ª semana, momento em que os níveis hormonais estabilizam. Para amenizá-las, a mulher deve comer algo gelado e azedo (como uma maçã verde) antes de se levantar, tomar café antes de escovar os dentes e fracionar as refeições, comendo algo a cada duas horas.

Dores de cabeça: As mais comuns são as cefaleias provocada por tensão. Uma refeição leve, seguida de um bom banho morno e descanso, costuma resolver.

Dores nas costas: Fazer atividades físicas regulares e controlar o ganho de peso desde o começo da gravidez são medidas que previnem o desconforto lombar. Alongamento e natação são os exercícios mais indicados. Fisioterapia e acupuntura costumam minimizar as dores das gestantes e não oferecem riscos para a saúde.

Instestino preso: A gravidez é um evento que provoca, com frequência, a obstipação intestinal. Além de causar mau humor, o intestino preguiçoso pode acarretar o surgimento de hemorroidas. A alimentação das grávidas deve ser rica em fibras. Ingerir uma grande quantidade de líquidos é igualmente importante e os resultados são ainda melhores quando aliam dieta e atividade física. Sucos de mamão, laranja e ameixa preta são laxantes naturais. O café da manhã deve ser incrementado com alimentos integrais, como o farelo de trigo, a linhaça e sementes em geral.

Inchaço: Muitas grávidas sofrem com o inchaço causado pela retenção de líquidos, mas os diuréticos são contraindicados. O uso deve ser restrito a pacientes com alguma patologia cardíaca ou renal. A saída é fazer caminhadas ou exercícios em piscina, pois a pressão da água sobre os membros inferiores ajuda a circulação do sangue e melhora o inchaço. A drenagem linfática também garante a sensação de bem-estar.

Ansiedade: Para lidar com o problema, o melhor é tentar soluções alternativas aos calmantes e aos antidepressivos, cujos efeitos sobre a mãe e o bebê ainda são pouco conhecidos pela ciência. A prática de atividade física moderada aliada ao apoio psicológico pode amenizar o nervosismo.


Precauções adicionais

De acordo com o professor de obstetrícia Marco Antonio Borges Lopes, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mesmo os medicamentos naturais podem ser perigosos, pois possuem substâncias cujas reações não foram estudadas em gestantes. Para Marco Antonio, o perigo mora ao lado: remédios de fácil acesso – que usamos corriqueiramente – podem causar danos irreversíveis. É o caso dos anti-inflamatórios não hormonais (ácido acetilsalicílico, diclofenaco, indometacina): eles afetam o canal arterial do bebê, o que pode fazer com que o coração “se feche” ainda durante a vida fetal.

Pele protegida “O uso de fotoprotetores UVA e UVB durante a gravidez (FPS até 30) é importantíssimo para evitar manchas, principalmente as faciais”, afirma a doutora Marisa Patriarca. “As gestantes têm mais suscetibilidade à pigmentação. Costumo brincar que mancham até com luz de vela!” A palavra-chave para futuras mamães é prevenção. Medidas simples, adotadas no momento certo, proporcionam uma gestação mais saudável e livre de ameaças químicas.

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